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Mensagens

A gravidez está a queimar-me os neurónios

Dizem os entendidos que a gravidez reduz a massa cinzenta. Concordo. Quanto mais grávida estou, pior. Estou a ficar um autêntico peixe, melhor dizendo, um peixe-balão. Inchada, burra e espinhosa. Desde que engravidei a minha criatividade diminuiu drasticamente. Se andava super inspirada na escrita e a produzir textos diários, parece que já não estou. É que de momento já é complicado escrever uma simples SMS com nexo. O meu espírito crítico mantém-se, mas esqueço-me facilmente das minhas próprias opiniões, isto é, tenho "brancas" constantes ao longo de uma conversa. A minha tagarelice continua, só que cada vez digo menos coisas com conteúdo e dou por mim a repetir a mesma história vezes e vezes sem conta. A minha memória de elefante transformou-se num pintainho e de repente já não sei onde está a roupa do meu marido; pior, não sei da minha (e olhem que o número de peças que me serve é bastante reduzido). Até a minha capacidade de "bom" ouvinte está perra. Perco

Carta aberta ao meu filho mais velho

Em breve seremos quatro, meu amor. Já somos, mas a tua irmã ainda está dentro de mim, tal como tu estiveste até há dois anos e dois meses atrás. Sabes filho, não tenho medo que tenhas ciúmes, nem que te sintas de parte, ou que não percebas. Não tenho medo que não a Ames, e nem sequer temo Amar-te menos. Sei que vão ser os melhores amigos. Os teus beijinhos e festas na minha barriga não me deixam enganar. Nem os teus sorrisos e abraços, e os "amo-te". É que tu filho, transbordas amor. Todos vêm isso e ao ver-te correr de entusiasmo sei que és feliz. Quando chegar a hora de dar à luz, meu bem, vou ter-te sempre no meu pensamento, afinal já senti tudo isso contigo e foi o momento mais completo da minha vida. Sabes meu filho, também sou a mais velha, e os mais novos não me tiraram nada, só me acrescentaram tudo. Acrescentaram-me amor e uma amizade incomensurável. Com a tua irmã vai ser igual. Já é. Já és mais amado. Cada dia mais. Em breve seremos quatro, meu filho. Serem

O mais difícil no amor é permitir

O mais difícil no amor é permitir. Permitir que o ser amado seja ele próprio. Permitirmos-nos sermos nós próprios. A permissão é o maior desafio. É aceitar que o ser amado é livre. E como podemos aceitar isso? Como lhe damos liberdade se o amamos?! É quase como deixar o carro andar sozinho e esperar que nada corra mal. Afinal, isso é amor. Amor é não meter travões. Tão simplesmente complicado. Difícil. Eu amo o meu filho, nem se questiona, mas irei permitir que seja que ele quiser ser?! Que seja uma menina, um homem, um louco, um pensador ou um qualquer?! E a minha filha, que ainda está protegida dentro de mim?! No meu coração permito. Na minha cabeça acho que sim. Na verdade só saberei quando for desafiada. Se não permitir não é amor. É outra coisa qualquer. Quando falo permitir, não quero falar em deixar, nem em não proibir. Quero dizer aceitar. Permitir, é aceitar o outro. Na nossa cabeça. É aceitar-lo num todo. Com defeitos. Com ideias próprias. Com escolhas. E é tão difíci

44 anos depois, somos livres?

Hoje comemora-se mais uma vez a liberdade. Os cravos já estão ao nosso peito e ao peito daqueles em quem livremente votamos. Ou melhor, ao peito daqueles que formaram governo. Hoje à festa. Há guarda de honra. Há a lembrança da coragem, porque é isso que é a liberdade. E onde está a nossa?! A coragem de dizer "basta!". Basta à corrupção. À luxúria. À desumidade. A coragem está sem voz, e os cravos só surgem de ano a ano. A coragem ficou com o Salgueiro e com todos os outros que lutaram em 74. Hoje, somos apenas fantasmas numa terra sem fraternidade. Num país onde o salário mínimo é quase igual ao valor de uma renda de casa, e onde chorámos quando surge na caixa do correio a conta do IMI. E nem nos apraz falar nas escolas, nem nos hospitais, nem na segurança pública. Numa terra de poetas e navegadores, a alma lusitana continua a sonhar e as gaivotas voam livres de asas vento e coração de mar.

Haverá privacidade na Internet?

Num mundo online onde todos nos ligamos a todos, importa perceber o que é público e o que é privado. Haverá privacidade na Internet? É uma pergunta que todos devemos colocar enquanto utilizadores quer de meros portais omo de redes sociais. Onde acaba a barreira do privado e do público? Não será fácil responder. Contudo, com o acesso indevido a dados pessoais de 87 milhões de utilizadores do Facebook, quase que podemos concluir que não estamos seguros e que tudo é público. É claro que a rede já tenta proteger-nos ao máximo e é de louvar que o seu fundador tenha assumido responsabilidades, mostrando disponível para resolver a situação. Não é novidade que as redes sociais sofrem este tipo de ataques e cabe-nos também a nós salvaguar o que tivermos de mais pessoal. Porém, ninguém nos garante que não soframos de ataques piratas ao navegar em portais ou simplesmente ao ligar o Wi-Fi. É um risco! Aliás, numa era sem fronteiras virtuais tudo é um risco e fica cada vez mais a ideia de que est

Nós, mulheres

Num mundo onde a mutilação genital feminina é uma realidade, onde há meninas a casarem, hoje é dia para fazer jantares, pelo menos por cá no ocidente, onde nos vestimos de preto para combater o assédio sexual. Nós, mulheres, somos muito mais que vítimas, somos capazes. E este texto não é um discurso feminista, é apenas uma constatação. No dia de hoje, é quase inevitável lembrar-me da nossa capacidade inata de gerar vida, de sangrar e de parir. Nós, fêmeas, devemos ter orgulho nisso, já que isso sim é uma capacidade que temos em exclusivo. Também é impossível não pensar na longa caminhada que ainda temos pela frente no que respeita a cargos políticos, muitas vezes pertencendo a listas partidárias quase por obrigatoriedade, ou à igualdade no mundo profissional que prefere não ter grávidas, ou mães de baixa para apoio aos filhos. Neste dia, lembro-me igualmente dos números de vítimas de violência doméstica e das mulheres que vivem sufocadas sem se amarem. Não há como esquecer igualme

Um país, dois salários mínimos

Eis que ao ler as notícias online, me deparo com a alteração do salário mínimo nacional exclusiva para funcionários públicos. Achei estranho. Abri a notícia e sim tinha lido bem, os funcionários públicos vão ganhar 635 euros, continuando os restantes portugueses, de segunda, a auferir 580 euros. Incrível penso. Logo me lembro do tempo em que era tudo inconstitucional. Mas, pouco me vale. Afinal quem sou eu se não usam portuguesa de segunda?! Caso esteja errada e a não perceber a perspectiva dos funcionários públicos peço que me expliquem, porque que eu saiba os funcionários não públicos não tem descontos quando pagam rendas, empréstimos, comida, roupa, etc. Como não percebo os motivos que levam a este desfasamento, concluo que só pode ser uma injustiça. Fica no ar a ideia de que algumas entidades patronais com "nome" neste nosso país não estejam interessadas numa subida de mais de cinquenta euros no salário mínimo nacional e assim, como acontece alguma vezes, o poder pol