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Mães

Não é fácil ser mãe. Aqui ou em qualquer parte do mundo.
As dificuldades começam bem antes do nascimento dos nossos, para sempre, bebés, com as hormonas a mostrarem-nos quem manda, com o corpo a mudar, o desconforto, a ansiedade e o medo do desconhecido.
Os nossos filhos exigem de nós todos os dias, a todas as horas e minutos e nós tentamos estar sempre lá.
Mas, as dificuldades vão além da rebelião familiar e das exigências do dia a dia. Às vezes são dificuldades burocráticas e sociais que sozinhas não conseguimos resolver.
Por exemplo, não é fácil engravidar e ter medo de ser despedida. Sim, porque isso ainda acontece, são aqueles despedimentos disfarçados de fim de contrato de trabalho. Ou então são rescisões por parte do trabalhador que, de repente, deixou de ser competente e prefere sair do que trabalhar num ambiente tóxico.
Tambem ter uma entidade patronal que não percebe que a mãe tem direito a ir às consultas com o filho e à escola.
Nem sequer é fácil amamentar. E não falo das complicações relacionadas com a mãe e com o bebé. Mas, das complicações profissionais, devido aos direitos que muitas vezes são alienados, e das complicações sociais, é que a sociedade ainda não  aceita totalmente a naturalidade da amamentação e os olhares e frases de reprovação existem.
É igualmente difícil deixar um bebé de 4 ou 5 meses na creche ou na ama por necessidade de voltar ao trabalho. Apesar da recomendação da organização mundial de saúde da importância da amamentação em exclusivo até aos seis meses, muitas mães têm de regressar ao trabalho antes e acabam por antecipar a introdução de outros alimentos aos filhos.
Por cá, não é fácil muita coisa, mas por enquanto podemos continuar a deixar os nossos filhos brincar na rua, pelo menos nos concelhos mais pequenos onde os vizinhos aínda ficam a guarda-los à janela.
Também não é fácil ser pai neste país. Não é fácil ouvir "aquele pai trata dos filhos" em vez de ouvir "aquele senhor é pai", pressupondo que ambos os pais tratam dos filhos por igual. É difícil ser dispensado porque tambem quer ter licença de paternidade sem ter de ouvir que isso "é para as mulheres".
Não é fácil, não. Mas há sítios piores, friso!
Por enquanto, vou tentar que seja fácil ser criança neste país.

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